terça-feira, 3 de julho de 2012

DA NECESSIDADE DE SE COMPATIBILIZAR A AGENDA 2025 COM AS BOAS PRÁTICAS NA EXPLORAÇÃO DO CARVÃO, GÁS NATURAL, FOSFATO E OUTROS MINERAIS E HIDROCARBONETOS.




A Agenda 2025 é uma visão nacional partilhada e que traça as linhas gerais de orientação, a médio e longo prazo, para o nosso desenvolvimento integrado e fornece-nos uma base para a actuação dos sectores público, privado e da sociedade civil.

A referida Agenda foi elaborada por um grupo de cidadãos, representando todas as sensibilidades e sectores, enaltecendo a riqueza da diversidade cultural e da história do nosso povo e apresenta os possíveis cenários assim como aponta opções estratégicas para o desenvolvimento do capital humano, para a economia e o desenvolvimento, para a boa governação e para as relações internacionais.

Portanto, em última instância, é um Plano Estratégico de Desenvolvimento de longo prazo para o nosso país.

Hoje, ao decidir-se pela revitalização e reactualização desta Agenda face as mudanças operadas na arena nacional e internacional, remete-nos a algumas breves observações:

·         Qualquer Plano Estratégico, depois de adoptado, em princípio, deve merecer uma monitorização regular por um Comité Permanente de Especialistas que, pode incluir, preferencialmente, alguns dos membros da equipa que o elaborou.

·         Deve ainda estar sujeito a uma reavaliação, pontual, por parte da equipa que o elaborou de modo a verificar o grau de implementação e produzir as devidas recomendações para o Comité Permanente de Especialistas que fazem a monitoria regular da implementação do plano.

Ora, penso que nunca chegou a criar-se um Comité Permanente de Especialistas para a monitoria regular da implementação do referido plano bem como nunca ficou claro se, de facto, o nosso Governo está ou não a implementar as recomendações da referida Agenda

A título de exemplo, na primeira versão do Programa Quinquenal de Governo, submetido à Assembleia da República, para apreciação e aprovação, em meados de 2005, nem sequer fazia-se menção à Agenda 2025 e, não fossem as críticas de alguns deputados, esta matéria nem sequer seria incluída no documento final do Programa Quinquenal de Governo para o mandato respectivo.

Assim, ao se decidir por se revitalizar o Comité de Conselheiros da Agenda 2025 para revisitar e actualizar o documento, julgo que dever-se-ia incluir somente 25 % da equipa inicial e incluir-se no grupo outras personalidades, reflectindo, naturalmente, a mesma lógica inicial, mas constituída por ilustres personalidades das mais variadas áreas do saber e de preferência de personalidades críticas e presentes nos vários campos de pesquisa e investigação e nos variados debates da opinião pública e que se entenda serem as mais adequadas para a fase actual e futura do desenvolvimento e da dinâmica que se pretende adoptar para o nosso país.

Diante das descobertas de enormes jazigos de carvão, gás, fosfato e outros minerais e hidrocarbonetos, dever-se-ia reflectir melhor quanto à selecção de personalidades de modo a melhor responder a estes novos desafios. A necessidade premente de novas vias de escoamento da produção de carvão e gás natural bem como a necessidade de se construir novos portos e também de se assegurar uma melhor gestão dos nossos recursos hídricos, modernizando-se os sistemas de irrigação e de retenção das águas, entre outros desafios prioritários e emergentes, requerem necessariamente, outro tipo de abordagem e de competências nem sempre presentes na actual equipa de conselheiros.

A localização estratégica de algumas dessas riquezas em zonas propensas a potenciais conflitos dado ao facto de o nosso processo de consolidação territorial e de unidade nacional ainda estar numa fase de construção, não deixa de requerer análises cuidadosas por parte de determinadas competências técnicas nem sempre presentes neste momento na equipa ora mandatada.

A definição clara e realística das nossas prioridades nacionais requer a intervenção de personalidades, nem sempre alinhadas com o pensamento “politicamente correcto”; pois, é por todos nós sabido que as sociedades que mais se desenvolveram no mundo, foram aquelas que souberam “conviver” e “tolerar” com o “pensar diferente” construindo-se a partir das suas diferenças os consensos e os imperativos nacionais de desenvolvimento.

Julgo pertinente reforçar o comité de conselheiros da Agenda 2025 com personalidades que reúnam determinados perfis de competência técnica e de liberdade de pensamento e mandatar-lhes para que reflictam sobre as melhores práticas a serem adoptadas particularmente na exploração do carvão e gás natural de modo a que os benefícios que advierem da exploração destes recursos sirvam a maioria dos moçambicanos e contribuam decisivamente para o desenvolvimento sustentável e harmonioso dos moçambicanos. Existem hoje, um pouco por todo o mundo, diversificadas experiências nesse contexto, pelo que não estamos a pedir que se invente a roda mas que de forma pensada e investigada se estude as melhores práticas para que o nosso Governo possa promover o desenvolvimento e os consensos e a estabilidade política necessárias nesta nova fase da nossa história.

Nestes termos, penso que dever-se-ia reforçar a equipa actual de conselheiros da Agenda 2025 e o Governo deveria constituir, junto do Ministério da Planificação e Desenvolvimento, um Comité Permanente de Especialistas para fazem a monitoria regular da implementação da referida Agenda.

Aceite-se esta reflexão como sendo um modesto contributo para o processo de planificação estratégica do nosso desenvolvimento.

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